terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Patrick Stump e os Holofotes

Patrick Stump é o típico cara legal. Não legal. AFODER. Aquele cara que você gostaria de ter sido colega no colégio, daqueles que você ia sentar do lado dele e falar sobre a vida a aula inteira. E ele ainda era gordinho na época; ele provavelmente não ia roubar a sua namorada (caso você tivesse uma), mas era aquele que provavelmente ia pegar a gostosa na frente de todo mundo, só na lábia, mesmo nutrindo uma paixão platônica pela menininha de óculos grandes e... não, pera esse era eu.

Patrick who?

Mas enfim, Patrick é foda. O gordinho de óculos e boné, frontman do Fall Out Boy, por muito tempo foi o ying da banda – sendo o yang seu baixista e fiel escudeiro, Pete Wentz. Pete era o exato oposto de Patrick: magro, jeans skinny atochado (mesmo), visual emo e andrógeno, franja caída, olho pintado e tudo mais o que mandava a cartilha adolescente do início dos anos 2000 nos States. E foi essa parceria, Patrick compondo e Pete escrevendo as letras, que levou o Fall Out Boy ao estrelato com músicas como "Sugar We're Going Down" e várias outras que você não curte, mas sua filha gosta.


"Dance, Dance": hardcore, formatura e coletes. Eu curto.

Mas como acontece com toda banda boa, com gente super talentosa e que nunca deveria acabar... uma hora dá merda. É engraçado: me lembro como se fosse ontem de uma entrevista do baterista da banda, Andy Hurley, concedida pro site da Marvel, em que ele falava da música favorita dele do último álbum da banda, "Folie à Deux". Curte a resposta profética:

Marvel.com: Você tem uma música favorita no álbum?

Andy Hurley: "What a Catch, Donnie" Eu acho que é definitivamente minha música favorita. Eu sinto que se nós fôssemos nos separar — não que nós iremos, definitivamente não iremos — ela seria uma espécie máxima de "canto do cisne", porque há essa parte no fim da música em que há uma reprise de diferentes refrões de diferentes músicas através da nossa carreira e há uma reprise do refrão de outra canção do "Folie à Duex." Eu acho que ela é realmente muito bem escrita. Na minha opinião, é a canção em que sinto mais orgulho de fazer parte.


Vira essa boca pra lá, Andy.

Pouco tempo depois disso, o Fall Out Boy entrou em "hiato sem previsão de volta". Lançaram uma coletânea ("Believers Never Die"), lançaram o clipe de "Alpha Dog", com cenas de bastidores, coisa que pra mim sempre deu a idéia de que a banda tava acabando, e depois simplesmente pararam. Olhando para trás agora, era até bem previsível: a banda cresceu tanto que não tinha mais para onde ir. A grana era boa, os clipes memoráveis, os shows ótimos, os álbuns cada vez mais produzidos... para onde se cresce depois que não há mais onde ir?

Boa parte da transformação do Fall Out Boy de punk bubblegum para pop super produzido foi culpa de Patrick. De um baterista tímido e vocalista relutante até o hiato do Fall Out Boy, Patrick tornou-se um ótimo produtor e compositor, além do fato de tocar vários instrumentos. Essa experiência refinou o seu olhar sobre a música - os primeiros álbuns do FOB são inaudíveis depois que você se acostuma com as orquestras dos últimos - e as participações especiais dele nos álbuns de amigos (que retribuíam cantando nos álbuns de sua banda) abriu seus horizontes musicais. O que fazer quando você é um ótimo compositor, produtor, multi-instrumentista, tem um monte de amigos famosos e sua banda acabou?

Seu próprio disco, claro.

(Ao mesmo tempo, Pete desempenhava função semelhante nos selos "DecayDance" e "Fueled By Ramen". Paramore, The Academy Is..., Gym Class Heroes, Cobra Starship, todos eles tem um dedinho de Pete Wentz. O Cobra inclusive deve muito de sua fama ao Pete, assim como Panic At The Disco deve ao Patrick; no seu último álbum, "Hot Mess", há uma música chamada "Pete Wentz It's The Only Reason We're Famous". O Panic At The Disco era mais discreto, claro...)

Voltando ao Patrick: o multi-instrumentista motherfucker logo postou em seu site pessoal um vídeo com ele tocando todos os instrumentos de uma canção e anunciando seu futuro projeto. Ele começava pela percussão e ia adicionando os outros elementos aos poucos, demonstrando toda sua versatilidade musical. Logo foi anunciado então que "Soul Punk", seu primeiro álbum solo, seria lançado em 2011. Só pelo videozinho de abertura do site, dá pra sentir o drama do que viria pela frente.


"Eu faço melhor. Sozinho." #PaulMcCartneyFeelings

Depois de um longo atraso no lançamento do álbum, alegando "outros problemas que não envolviam regravações", Patrick colocou no seu site a partitura de "Spotlight", primeira música do seu álbum solo que os fãs iriam ouvir. No dia 29 de novembro, ele postou no seu Facebook uma mensagem dizendo que gravou duas versões da música, mas não sabia qual das duas ia para o CD. Foi aberta uma votação para escolher - depois claro, de fazer o download simplesmente curtindo a página do músico no Facebook.

Tipo assim: GÊNIO. Faz um álbum solo, demora pra lançar, lança a partitura da música na internet (o que deve ter dado de gente tentando tocar ela por aí...), enfim lança a música, pra download grátis e com DUAS versões, tudo isso mediante um simples "Like" no Facebook. E claro, as duas são ÓTIMAS, caso você ainda tenha dúvida. É só entrar no site oficial do cara e clicar em download que você é logo redirecionado a página. No caso, tem que ter Facebook, mas já deve tá na rede também. E depois, é só votar (eu, pessoalmente, gostei da "New Regrets").

Hoje em dia é tudo muito rápido. A gente cultua o Paul no alto dos seus 68 anos porque sabe que ninguém da nossa geração tem cacife o bastante pra chegar na idade dele com um legado tão grande. As bandas acabam aos montes: Fall Out Boy, Panic At The Disco, Fratellis, Oasis, Supergrass... a galera simplesmente desiste. Por isso, qualquer "lampejo" de genialidade como esse do Patrick será sempre bem vindo.

Mas o que mais impressiona, acima de tudo, é o seguinte:

Como isso...


...vira isso?


O Paul virou vegetariano, parou de fumar e dura até hoje.

O Patrick já emagreceu.

Gordinhos do mundo, uni-vos! Há uma salvação no fim do túnel, e ela se chama Patrick Stump.

Sam gosta de bateristas gordinhos que tomam a dianteira.