sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Rock e Literatura

A certa altura do documentário “Rush: Beyond The Lighted Stage”, filme premiado que conta a história do power-trio canadense, Geddy Lee comenta um fator importante na virada de estilo da banda. “Nós olhávamos para aquele cara, lendo e lendo o dia todo...”, diz ele, referindo-se ao então novo baterista da banda Neil Peart, “...e logo pensamos: ele deve escrever boas letras! Vamos colocar ele pra escrever letras!”



A conclusão é óbvia e nós aprendemos isso desde o ensino super fundamental: quem lê mais, escreve mais e melhor, tem um melhor vocabulário, não acaba as frases usando blá blá blá e enfim... blá blá blá. Logo Neil Peart começou a escrever as letras para a banda, tornando-se o principal letrista do Rush e responsável por obras clássicas como “Hemispheres” ou “The Fountain of Lamneth”, tão poéticas quanto progressivas.

Fato é que, além do vocabulário, literatura tem muito a ver com rock and roll sim. E não precisa ser nenhum literato como Neil Peart (se bem que ajuda): “2112”, epopéia clássica de ficção científica da banda, tem inspiração no livro “A Fonte”, de Ayn Rand, de 1943. A obra conta a história de um arquiteto que prefere lutar pela sua idéia de arquitetura moderna do que abrir da sua visão pessoal e artística em troca de reconhecimento. Era o rock progressivo encorajando você a ler através de uma música de 20 minutos. Escola, pra quê?



Outra banda que tem uma relação próximo com a literatura é o Iron Maiden. Eu mesmo já li bons livros graças a banda: depois de descobrir que “Murders In The Rue Morgue”, do álbum “Killers”, de 1981, era baseado na obra “Assassinatos na Rua Morgue” do mestre do terror Edgar Allan Poe, cai de cabeça no caldeirão de referências que era o Iron Maiden.



Graças a Donzela de Ferro, acabei lendo “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley (citado no álbum e música “Brave New World”), “Estranho em Uma Terra Estranha”, de Robert A. Heinlein (cujo título é citado na música “Strange In a Strange Land”, do álbum “Somewhere In Time”, mesmo que a música não fale do livro), Duna, de Frank Herbert (citada na música “To Tame A Land”, do álbum “Piece Of Mind”), só para elencar algumas referências.

Sem contar o clássico “Rime Of The Ancient Mariner”, poema do meu xará Samuel Taylor Coleridge que foi transformado na íntegra em um épico do heavy metal por Steve Harris & cia no álbum "Powerslave", de 1984. É bom saber que antes das toneladas de bandas de metal que citam Senhor dos Anéis e a obra de Tolkien em suas músicas, havia uma banda que citava clássicos da literatura inglesa antes que isso virasse “modinha”.


(Eu vou apanhar de certos amigos metaleiros se eles lerem isso. Adoro vocês caras!)

O mestre Bob Dylan, no álbum “Highway 61 Revisited”, de 1965, satirizava os leitores vorazes de F. Scott Fitzgerald que devoraram os seus livros e nunca entenderam nada. A música em questão, “Ballad Of A Thin Man”, foi imortalizada por Cate Blanchett e o seu Jude Quinn no filme-biografia “I’m Not There”, de Todd Haynes. O filme, que desmancha a persona de Dylan em vários personagens diferentes, tem até mesmo um personagem específico só para as referências a literatura e poesia de Dylan.



Esse assunto merece alguns posts, já que há muitas referências a literatura no rock, mas com certeza uma das mais fofinhas vem dos escoceses do Belle & Sebastian. O nome da banda vem de um livro francês chamado “Belle et Sebástien”, de Madame Cécile Aubry, que conta a história do menino Sebástien e seu cachorro montanhês Belle. O agradecimento da banda pela permissão do uso do nome veio na contracapa do seu primeiro álbum.

"...and we are grateful to Madame Cécile Aubry for letting use the name
until now and we pay homage to her work".

Mais doce do que isso, só a faixa título do último álbum da banda, “Write About Love”, que tem participação da linda da Carey Mulligan. Porque sabe né: Carey Mulligan + Belle & Sebastian é equivalente a uma orquestra de pandas tocando com instrumentos em forma de coração feitos de açúcar na escala de doçura.



Orquestra de pandas tocando com instrumentos em forma de coração feitos de açúcar = vocabulário supimpa.

Sam precisa voltar a ler.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Os Indies e a Parede Branca

Desde Pedro Luis e a Parede e o "The Wall", eu nunca tinha visto tantas paredes presentes na música. Sério... qual é o problema deles?


Garcia Goodbye - You Know Exactly How I Feel


Vampire Weekend - A-Punk


Arctic Monkeys - Cornerstone


Two Door Cinema Club - Something Good Can Work

Sons diferentes, idéias parecidas. Adoro.

(Em tempo: 24 dias pro Meca Festival! \o/)

[ATUALIZADO]

O Two Door Cinema Club lançou um clipe mais digno de fundo infinito branco depois disso:


Two Door Cinema Club - What You Know

Sam (ainda) é um indiota.