quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Meca Festival - O Festival

Two Door Cinema Club?
Vampire Weekend?
Quem?

Essas foram mais ou menos as principais reações que tive desde o início da divulgação do Meca Festival. O festival indie que levou mais ou menos 3 mil pessoas a praia de Xangri-Lá, público abaixo do esperado (só o 1º lote de ingressos esgotou), provou que o Rio Grande do Sul pode ter outros festivais, além do agora super-eclético Planeta Atlântida. Mesmo assim, praia não é a praia dessa indiazada todo, como diria Edu, meu companheiro de viagem. Mas vamos do início.

Fim da peregrinação: chegando a Meca

Apesar dos ingressos e da divulgação toda indicarem a abertura dos portões às 16h30min, a função toda começou às 17h. Quem tava a pé fez a peregrinação embaixo do sol, quem tava de carro foi guiado até o estacionamento do Jimbaran (enorme, só pra constar). Meia horinha depois, tempo mais do que útil pra galera conhecer o lugar – até porque acredito que o público-alvo do Meca Festival não poderia ser mais diferente do que o público-alvo do Jimbaran – a função toda começou às 17h35min, com os gaúchos da Wannabe Jalva.

Os guris mandam muito bem. No visual, já encarnavam todos os clichês e tendências da galera que os assistia: camisa xadrez, jeans skinny, óculos escondendo a cara e chapéu no baterista gordinho. As músicas, pautadas por uma batida dançante e teclados bem colocados, serviram pra fazer um bom aquece pro que vinha depois.

Wannabe Jalva: troca-troca no palco.

O mais interessante da banda, porém, foi a verdadeira orgia instrumental que faziam no palco. É até difícil de explicar: o vocalista principal tocava guitarra e teclado. O guitarrista ao seu lado, fazia o mesmo, enquanto o baixista tocava e fazia os vocais de apoio. Umas três músicas depois, baixista e guitarrista base trocaram de instrumentos. Mais algumas músicas, nova troca, com guitarrista base cantando e vocalista tocando baixo. Enfim, depois de umas três trocas eu já não sabia quem era quem. Mas o som era bom!

Depois dos guris veio a curitibana Rosie And Me, com seu folk fofinho. Enquanto a Wannabe guardou o papo mais para apresentar o nome das músicas, a vocalista do Rosie (a Rosie? Não sei...) logo na 2ª música abriu o coração: “é uma emoção enorme tá tocando aqui pra vocês, num país onde é tão difícil fazer shows legais assim”. Se não foi isso, foi quase isso. Mas o que vale é a intenção. E junto com a intenção, mais folk rock fofinho e suave, com direito a banjo e baixo Hofner no palco.

Rosie And Me: fofinha. Mas fui no banheiro no show dela...

No show da Rosie eu já tava na quarta Heineken, então fui desbravar a pista dance do Jimbaran e ir no “banheiro do laguinho”. Chegando no outro ambiente, a cena era engraçada: vários seguranças cuidando da pista e um cara de camisa gola V dançando sozinho, forever alone. Por enquanto, a festa rolava do outro lado ainda.

Pista cheia, como dá pra ver

Voltamos e pegamos o finzinho do show, que com um folk meio arrasta-pé terminou agitadinho até. Pegamos mais um trago e fomos pra outra pista. Aos poucos a galera ia chegando e o espaço na frente do palco ia ficando um pouquinho mais apertado. Aliás, muito boa a idéia de pôr areia bem na frente do palco; não sei se o local já é assim, mas serviu pra galera que pulou muito depois (como eu), não destruir muito o pé na grama.

Nessas idas e voltas entre uma e outra pista acabamos perdendo o início do show dos curitibanos do Copacabana Club. Quando chegamos o show já devia estar lá pela metade. O pior de tudo foi descobrir que provavelmente nessa hora, enquanto eu tava me bobeando no outro ambiente, o Two Door Cinema Club foi até o espaço da Converse no festival customizar os seus All-Stars. Maldito álcool. Mas tudo bem. Acho que o Copacabana Club saiu mais prejudicado, já que nessa passada da banda irlandesa provavelmente perdeu alguns expectadores do seu show...

Copacabana Club: do it, do it, do it!

O show da banda é bom, animadinho. Fiquei torcendo pra que eles não tivessem tocado ainda “Just Do It” que, confesso, é a única música que conhecia da banda. Felizmente consegui ver ela ao vivo, e consegui dar uma boa conferida na performance ao vivo da vocalista Caca V. Vale a pena. A batera também manda muito bem. O resto dos cuecas em cima do palco manda bem também, mas convenhamos: com uma vocalista dançando de vestidinho apertado em cima do palco, a gente até esquece uma ou outra música assim, mais ou menos... Mas eles são bons sim.

Oie, Caca V

Porém, o clube que a galera queria ver mesmo não tinha tocado ainda. Confesso que eu estava mais empolgado pra ver os irlandeses do Two Door Cinema Club do que o Vampire Weekend. Nesse meio tempo, porém, um outro fato marcou o festival, pelo menos pra mim. Caminhando pelo espaço com o Edu, passa por mim uma figura conhecida, de camisa xadrez e fone de ouvido na mão: Lúcio Ribeiro, jornalista musical, blogueiro do Popload e DJ nas horas vagas. Cutuquei meu co-piloto e falei: “olha Edu, é o Lúcio Ribeiro! Eu sigo ele no Twitter!”. O Edu mandou eu ir falar com ele, mas a gente tava indo pra um lado, ele pra outro, e enfim, logo não nos vimos mais.

Cinco minutos depois, fomos jantar. Enquanto esperávamos nossos espetinhos de carne, eu olho pra trás e quem está lá? Ele, Lúcio Ribeiro, de novo. Cutuquei o Edu, que logo me empurrou: “vai lá falar com ele!”. Tomei coragem (não sei desde quando precisa de coragem para falar com um jornalista e blogueiro, mas...) e falei: “Lúcio Ribeiro? Eu te sigo no Twitter! Queria te encontrar aqui mesmo pra ver se minha timeline existe!”.

Imagine ser abordado por uma pessoa com essa frase. Sim, só eu faço isso.

Mas o cara foi super simpático. Conversamos um pouco sobre o festival, comentou que agora sim que o negócio ia esquentar e quando descobriu que éramos de Caxias do Sul, pediu: “e então, vocês são Caxias ou Juventude?”. Se ele já tinha me ganho antes de eu conhecer ele, nessa hora ele ganhou o Edu. Acho que ele até puxou a camisa do peito pra gritar “JUVENTUDE!”, mesmo estando com a camisa de Portugal naquela hora. Lúcio falou então que uma vez quase foi a Caxias ver o Juventude jogar contra o Palmeiras (“poxa, faz tempo que isso aconteceu hein?”, disse o Edu), e logo se despediu, foi comprar um Trident e voltar pra sua função. Muito simpático o cara, conhecer ele marcou o festival pra mim, não fosse um detalhe: eu não me apresentei.

Depois desse deslize, voltamos pra frente do palco esperar o Two Door Cinema Club. Câmera a mão para filmar a entrada dos caras e a primeira música, vi a banda entrar pontualmente as 21h com “Cigarettes In The Theatre”, primeira música do seu único álbum, “Tourist History”. E a sensação é a de ouvir o CD: mesmo com uma pegada eletrônica forte, as músicas da banda ficam ainda mais “potentes” ao vivo, com um batera executando perfeitamente a batida do eletro-indie tocado pela banda. Eu nunca pulei tanto na minha vida. Estava vendo três legítimos irlandeses e estava adorando.



A banda estava visivelmente emocionada em cima do palco, curtindo pra caramba. Totalmente sem pose, sem estrelismos, os guris nem falavam entre as músicas. A sensação era de que pausa para falar era pausa para respirar, e não era isso que os irlandeses queriam. Foram algumas poucas frases pronunciadas, todas elas abafadas pelo grito da galera, anunciando o nome das músicas que eles iam tocar que não estavam no álbum da banda: “Kids”, “Handshake”, “Hands Off My Money” e “Costume Party”. Era possível ver na platéia que na execução dessas canções menos gente cantava as músicas do que nas presentes no primeiro álbum da banda, mas isso não mudou em nada a empolgação da galera.

Two Door Cinema Club: sem tempo pra respirar

O primeiro show dos caras em terras brasilis não poderia ser melhor, com uma recepção calorosa e as letras da banda cantadas em uníssono. Dizem por aí que o CD da banda nem existe no Brasil ainda (eu conheci os caras num site de moda!), então, obrigado internet por tornar cenas como essa possíveis. Fiquei cuidando pra filmar “What You Know”, minha favorita dos caras, em que até o riff foi cantado pela platéia (sabe “YYZ” sendo cantada pelo público no “Rush In Rio”? Então...). Queria filmar “I Can’t Talk” também, a última do show, mas preferi pular e gritar o “A-o-A-A-o-Hey-Hey!” da música junto com a galera. 14 músicas depois do início, eu tinha emagrecido uns 2kg já.



Fiquei imaginando a turnê dos caras com o outro clubinho indie, o Tokyo Police Club, que volta e meia ainda gerava um cover conjunto de Last Nite, dos Strokes, que o TDCC tocou no domingo no Rio de Janeiro. Devia ser linda!

Emoções à parte, ainda tinham os vampiros.

No intervalo do show, fui no luxurioso estande do energético Burn, ter os dois minutos mais longos da minha vida. Confesso que a fila foi mais legal, mas a intenção do estande foi muito válida! Quando tiver essa promoção em outros lugares, me chama que eu vou, Burn! Depois do momento de luxúria, fui buscar cerveja no bar e tive ali minha primeira decepção da noite: a cerveja estava quente. Alguém tinha colocado muito gelo, ou a galera consumiu mais do que o esperado, sei lá, sei que não deu pra se refrescar entre um show e outro. Como esperar na fila pra comprar um ticket pra uma água ia por em risco o lugar na frente pra ver o show do Vampire Weekend, fiquei por isso mesmo e fui pro meio da galera.



22h40min, luzes verdes e um reggae anunciaram a entrada da banda nova-iorquina, com o hino do verão europeu “Holiday”. Meca tremeu. A banda, que também estreiava no Brasil, também. Chris Baio, o baixista, sorria e pulava que nem criança nova com cachorrinho novo (ou que nem um cachorrinho novo com criança nova). Chris Thomson, o batera, é a perfeita versão humana do Animal, baterista dos Muppets: nunca vi alguém balançar tanto a cabeça enquanto toca bateria empolgado como ele. O tecladista Rostam Batmanglij (fui de camiseta do Batman em homenagem a ele) parecia o mais distante da bagunça toda: concentrado, alternando entre a guitarra e o teclado e auxiliando nos backing vocals, mantinha uma postura mais distante da platéia, interagindo diretamente apenas em “Horchata”, quando pegou seu tecladinho pequeninho e pediu pra galera participar, ou puxando as palmas com a galera quando tocava guitarra.

Vampire Weekend: trio elétrico made in NY.

A postura do tecladista talvez se explique pelo fato de que por sacar bastante de música, Rostam preferisse ficar mais ligado no som da banda. Até porque o teclado do VW é muito bem trabalhado, com inserções incisivas na música ao invés de gerar acordes o tempo inteiro, Rostam fique mais de lado. Ou talvez ele seja assim estranho porque é tecladista mesmo. Dúvidas a parte, Rostam é um bom sidekick para o muso frontman da banda.

Ezra Koenig muso

Ezra Koenig é o cara. Sorri, toca, canta e conversa, com uma naturalidade digna de quem estuda e apresenta bem preparado um trabalho na faculdade. Aliás, essa é a impressão que dá ao ver a banda no geral: se meu chefe estivesse lá, diria que todos estavam vestindo “camisas de homenzinho”, termo que ele usa pra me descrever quando vou trabalhar de camisa. Parece que a qualquer momento, ao fim de “Giving Up The Gun” ou qualquer outra música, eles podem sair do palco estudar para a prova de literatura inglesa clássica do fim do semestre. Felizmente, eles não fizeram isso.



“Cousins” e “A-Punk” puseram a galera pra se mexer e geraram em mim o mesmo sentimento de “I Can’t Talk”, do TDCC: não filmei, mas pulei. “California English” foi uma surpresa boa pra mim: não lembro de ouvir ela com tanta atenção no CD, mas ao vivo me senti em um trio elétrico. Nunca estive em um, mas imagino que a sensação é a mesma, trocando apenas o “cabeça, mão, joelho, pé, tchubirabirom!” pelos gritinhos agudos do Ezra. 23h45min o show terminava e eu estava de alma lavada.

The Twelves: eles tocaram The Virgins. Morri.

Depois de mais uma peregrinação em busca de cerveja e que acabou comigo tomando água, voltamos para o palco principal curtir The Twelves. Tenho que dizer: foi o 1º setlist de DJs que nunca reclamei na vida. Ouvi de longe “Fences” e “Lisztomania” do Phoenix, que já me ganharam, conquista essa que foi arrebatada por “Robot Rock” do Daft Punk, malandramente inserida dentro das músicas da banda de Thomas Mars, recriando virtualmente a parceria que não aconteceu no Planeta Terra, em novembro do ano passado. Se com as duas bandas francesas os DJs já tinham conseguido meu respeito, quase bati palmas quando ouvi “Rich Girls” do The Virgins e “Night By Night” do Chromeo. Na real, acho que bati. E dancei muito também.

Locão na Rave. UHUUU!

Os DJs acabaram o seu set e logo entrou Layo & Bushwacka, a última dupla de DJs, que não me chamou muita atenção. Depois de ser expulso da área do Jimbaran reservada a pós-festa e já sem cerveja no nosso lado “pobre, magro e suado” do Festival (aliás, única falha feia: COMO ASSIM ACABOU A CERVEJA?”), resolvemos ir embora lá pela 1h45min. A noite anterior dormindo na barraca e a agitação desde as 16h30min gritaram mais alto do que eu gritando “ME AND MY COUSINS AND YOU AND YOUR COUSINS” e fomos pra casa.

Tirando a cerveja quente e a subseqüente falta dela e a enxotação da parte chique do Jimbaran pouco depois da meia-noite, o festival foi foda. Não encheu, mas não tava vazio. Tinha fila pra comprar o ticket pra comprar bebida, mas era considerável (tirando os espertinhos que sempre davam um jeito de burlar a coisa toda). As bandas curtiram, a galera curtiu e o lugar é massa. Ano que vem tem mais? Se tiver (e eu ainda conseguir comprar o ingresso do 1º lote com o cartão emprestado de alguém), estarei lá.

Quem quiser mais festival ano que vem, levanta a mão!

Como disse Alex, vocalista do Two Door Cinema Club, “CHEERS!”.

Sam é um indiota com bagagem de festival agora ;-)

2 comentários:

  1. calculando tudo o que eu perdi: lap dance, vampire weekend, copacabana club, two door cinema, lúcio ribeiro e viagem estilo filme da sessão da tarde (segundo o edu) E ainda deixei de perder DOIS KILOS??!!
    me fudi.

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  2. haha... é... mas olha pelo lado bom
    pelo menos eu bloguei tudo isso (e tu leu!)
    e não foi lap dance, tinha um vidro na frente
    mas foi massa do mesmo jeito... hehehe =)

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